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MIGUEL MARVILLA
Miguel Arcanjo Marvilla de Oliveira (Marataízes, 29 de setembro de 1959 – Vitória, 10 de outubro de 2009) foi um poeta, contista e editor espírito-santense. Graduado em Letras e mestre em História Antiga pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), foi editor da revista "Você" e um dos fundadores da Flor&Cultura Editores. Foi membro da Academia Espírito-santense de Letras, na qual ocupava a cadeira número dezoito. Recebeu vários prêmios literários estaduais e nacionais, além de uma menção honrosa no III Concurso Literário Internacional da Áustria, em 1996. Obteve o primeiro lugar no Concurso de Poesia organizado pelo Sindicato dos Bancários do Espírito Santo, em 1994. Publicou poemas e ensaios em várias revistas e jornais do Espírito Santo e do Brasil. Organizou, juntamente com Maria Helena Teixeira de Siqueira, a coletânea "Escritos entre dois séculos" (Flor&cultura, 2000). Foi, ainda, organizador e editor do livro "Crônicas Escolhidas" de José Carlos Fonseca (Flor&Cultura, 2000). Viveu seus últimos anos em Vitória (ES), onde preparava a publicação de "O Império Romano e o Reino dos Céus", no qual dicute a construção da imagem sagrada do imperador de De laudibus Constantini, de Eusébio de Cesareia (século IV); "Zoo-ilógico", poesia para crianças (inclusive as que já cresceram) e "Beleléu e adjacências' (romance), futuros lançamenos da flor e Cultura. Apaixonado por literatura, Marvilla era leitor fiel de García Marquéz e Umberto Eco. Sobre Márquez, Miguel declarara: "é a melhor literatura do planeta, ouso dizer, pulando sobre Umberto Eco, Shakespeare e Joyce."
Obras literárias:
"De amor à politica" (De parceria com Oscar Gama Filho), Vitória, 1979
"A fuga e o vento", Vitória, 1980
"Exercício do corpo", Vitória, 1980
"Dédalo" ( poesias), Flor e Cultura, Vitória, 1996
"Sonetos da despaixão"' ( poesias) - Apresentação de Adilson Villaça, Flor eCultura, Vitória,1996
"Tanto amar"', Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de Vitória, Vitória, 1991
"Lição de Labirinto"(Prêmio Geraldo Costa Alves), Fundação Ceciliano Abel de Almeida/UFES, Vitória, 1989
"Os mortos estão no living" ( contos) 1988
"Nelson Abel de Almeida: um homem e o espírito de um lugar" (texto vencedor do Concurso "Nelson Abel de Almeida: o homem" Vitória, 1998
"Jardins de Vitória" (cadernos de meio ambienta da PMV -1998)
"Luísa, Juliana, Sigmund" - ensaios, 2001
"Estranhos companheiros" (inédito, novidade)
Biografia (parcialmente ) extraída de https://pt.wikipedia.org/
MARVILLA, Miguel. Exercício do corpo. [Vitória, ES: s.d.] 44 p. ilus. p&b Edição com o apoio do Departamento de Línguas e Letras da UFES e da Caixa Econômicca Federal. Edição mimeografada.
Ex. bibl. Antonio Miranda - Doação do livreiro Doação do livreiro Jose Jorge Leite de Brito
POEMA ALUNADO
À Nilza "Polenta" Del Pupo
a lua que extra
vaza a noite
sem clara
idade
redunda em nós
feito ferida aberta ao relento
e em seus poros de são Jorge
o sangue da luz se dispersa
aos nossos corpos de embriões
(a lua que bóia
em ar de etéreos e estrelas
não possui reticências
mas a solidariedade da pausa
onde se inscrevem nossos olhos)
e no crepom de nossa pele
quando o breu se desgasta
nossas almas de aprendizes
formaram um lago
de suor e êxtase
MIRAGEM
Á Tereza Cristina da França
uma
ave
sobre
voa
a cidade
em estado de fotografia
a janela
despe
paisagens
anacrômicas
enquanto
a moça
adormece
os seios virgens
em canções antigas
o silên
cio
permanece
o seio
tudo é paisagem
uma lua
sobre
voa
a cidade morre
Ponta Grossa, PR
Primavera, 1978
QUERÊNCIA
quero ser simples e honesto
como a manhã na soleira dos olhos
ou como a lua
brotada de algum galho da paisagem
quero vestir meu terno de girassóis
e me vínculo de alcatrão
se ser suavemente louco
decepar as raízes da razão
como quem soma cores
a flores
de cristal
quer ser simples e honesto
como uma retina
um desejo
ou feito quem desfecha tiros
de desencanto no peito
(DES)CONHECIMENTO
vejo-te
através das tuas evidências
eu
o bicho por detrás da pele e da miopia
te vejo
através da solidez de tua presença
(a esquina abriga ladrões
a rua inquietudes
e teus olhos balançam
entre uma parede e um semi-riso)
vejo-te
através de tua pele
mas também te vejo
através de tua sordidez
SER OU NÃO SER !
ser rato
que só os ratos
à noite pelos buracos
ser retrato
que só os retratos
de bocas ficam calados
só rindo nos out-doors
mas não ser morto
que só dos mortos
pode-se ter certeza
de nunca mais levantar
AMO(R)-TE 2
a mulher com seios de ímã
e paladar anônimo
inaugura a lua
e justa ao silêncio se aceita
aperfeiçoando letras
pois que são palavras mal disfarçadas
o poeta memoria sua náusea
e é quando o silêncio o interpela
e as palavras
letras de ferro
profusas e bem torneadas
aos seios da mulher se alastram
e definem seu verbo
(amor)
SIMPLES
a madrugada se coagulou em nossa pele
e tingiu de brisa nosso suor
então nos comungamos
e num arroubo de lirismo
te roubei um poema de manuel bandeira
*
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Página publicada em agosto de 2021 |